Mãos que Tocam
Algum tempo atrás durante a construção do meu texto monográfico de conclusão do curso de História, tive o prazer de fazer uma entrevista com dona Zezé Ferreira, senhora por demais conhecida na cidade, pela sua habilidade musical e por sua religiosidade, assim o que era pra ser apenas uma entrevista formal transformou num bate papo bastante descontraído, onde algumas história da vivência dessa senhora foi aos pouco revelada, dentre elas a de quando a mesma foi Maria Béu (Verônica), nos idos da década de quarenta. Em narrativa, disse-me que cantou no gogó para uma multidão de devotos do Bom Jesus, tremeu, mas não fraquejou, chegando a ser aplaudida.
Na verdade não conheço Dona Zezé com intimidade, mas ficou em mim a impressão de uma mulher simples e acessível, sei que posso esta enganado, mas a sensibilidade que ela passa na leveza de sua fala, evidência no dizer de Miguel de Cervantes que “onde há música não pode haver maldade”, afinal, tal senhora é patrimônio vivo da cidade uma das bandolinistas remanescentes da escola da música de Dona Aracy Carvalho, mãe do escritor O. G. de Carvalho. Dona Zezé é no cotidiano muito mais, é mãe, dona de casa e acima de tudo musicista fazendo das horas vagas um espetáculo sem platéia. Embora em momentos oportunos dedilhe no seu bandolim de músicas sacras ao brasileiro “chorinhos”, e assim, transparece tão quão é a variedade do seu repertório.
Oeiras é uma cidade inusitada pelo fato de abrigar pessoas com histórias tão interessantes. Dona Zezé é uma dessas, pois sua vida é por si só história pura, confundindo-se em certos momentos com a própria história recente da cidade, mas ao contrário de tantas outras, é um história viva, pois a bem da verdade, no dizer da poetisa Cora coralina: "O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada, Caminhando e semeando, no fim terás o que colher." Diante disso, conheço pessoas que foram aprendizes dessa senhora, são sem dúvidas sementes plantadas pela boa vontade dela que podem em longo prazo também disseminar tal manifestação artística.
É senhores! No dizer do filosofo Miguel de Unamo: "Entre as graças que devemos à bondade de Deus, uma das maiores é a música. A música é tal qual como a recebemos: numa alma pura, qualquer música suscita sentimentos de pureza." Assim, fica em minha cabeça o doce som dos Bandolins de Oeiras, e acima de tudo a figura da musicista Zezé, que pela simplicidade de suas mãos que tocam, encanta a alma de quem tem o prazer de ter pelo menos dois dedos de prosa com ela .
junior vianna
Oeiras, agosto de 2009
2 comentários:
Há dias tu me mandou o link desse texto, e só agora li...
Tua oeirensidade é mesmo contagiante,Júnior! Quando tudo parece mesmice, vc vem e nos mostra que tem mais ali, revivando o nosso orgulho da terra.
Oeiras é música para meus ouvidos oeirenses e orgulhosos!!
Parabéns!Meu amigo pessoal pois acredito que posso sim dizer isso.Que fotos lindas e que organização textual e de ideias.Suas palavras e no todo seus textos faz com que mesmo quem ñ seja um oeirense nato sinta inveja e pessa a deus outra vd para que o mesmo possa nascer em poço de cultura Que é nossa cidade de Oeiras.1 abraço meu amigo saudade!
Postar um comentário