Mosaico da Vila

E repare o leitor como a língua portuguesa é engenhosa. Um contador de historias é justamente o contrario do historiador, não sendo um historiador, afinal de contas, mais do que um contador de histórias
Machado de Assiso leitor como a língua portuguesa é engenhosa. Um contador de historias é justamente o contrario do historiador, não sendo um historiador, afinal de contas, mais do que um contador de histórias" Machado de AssisOSAICO DA VILA
E repare o leitor como a língua portuguesa é engenhosa. Um contador de historias é justamente o contrario do historiador, não sendo um historiador, afinal de contas, mais do que um contador de histórias" Machado de AssisICO DA VILA
E repare o leitor como a língua portuguesa é engenhosa. Um contador de historias é justamente o contrario do historiador, não sendo um historiador, afinal de contas, mais do que um contador de histórias" Machado de Assisepare o leitor como a língua portuguesa é engenhosa. Um contador de historias é justamente o contrario do historiador, não sendo um historiador, afinal de contas, mais do que um contador de histórias" Machado de Assis

Imagem de Bom Jesus dos Passos


A Arte Sacra Na Festa dos Passos


Uma semana antes da semana santa propriamente dita, em Oeiras como em tantos outros lugares rememoram a céu aberto a última Via Sacra Quaresmal, tradição católica que remota-se ao século XIV, graças a São Leopoldo de Porto Maurício que na cidade de Roma junto com os cristãos que se viam impossibilitados de peregrinar a Terra Santa para visitar os lugares da Paixão e Morte de Cristo, faziam ali mesmo a ritualização sacra, momento oportuno para exteriorizar a sua fé.


Prática essa que não tardou a ser difundida na Europa Cristã, principalmente na Corte portuguesa arraigadas aos valores do cristianismo penitente. Uma fez introduzida em terras lusas, essa ritualização quaresmal foi trazida a América por meio dos padres jesuítas que recorriam à dramaturgia para facilitar no processo de catequização, assim reviviam a Via Crusis pelas ruas, becos e praças das primeiras vilas e cidades americanas, teatralizando o martírio de Jesus Cristo para que a cristandade pudesse compreender as agruras do filho do Onipotente.


Para tanto, recorreram aos elementos iconográficos, pois por meio das imagens havia no dizer de São João da Luz, uma relação recíproca, entre Deus e os fieis. Essa prática estava pautada nas recomendações do Concílio de Trento (1545 a 1563), que enfatizava essa experiência acreditando que seria uma forma de chamar atenção dos cristãos, ou seja, o que a Igreja Católica pretendia era que as imagens expressassem muito mais que as palavras proferidas pelos eclesiásticos. Dessa maneira, o apego a esses ícones contribuíram para que a arte junto ao religioso ganhasse a denominação de santeira, algo se que se fazia presente não só nos espaços religiosos, mas também nas moradas comuns.


Mediante a dramaturgia e a iconografia, o meio mais propício para transparecer a fusão destas manisfestações, são as procissões, em especial as penitenciais, onde as imagens sacras continuam sendo alvo de devoções exacerbadas em virtude de muitos acreditarem que elas concedem graças e milagres. Práticas e representações como já se sabe motivadas pelos clérigos da Companhia de Jesus difusores do teatro religioso. Assim para manter a veracidade da ritualização buscavam nas imagens rocas e/ou as de vestir, uma expressividade mais real, permitindo uma comunicação mais intima com os processionais. Algo que se faz em Oeiras desde os idos do século XVIII com a imagem de Bom Jesus dos Passos alvo da hipertrofia devocional.

A teatralização sacra realizada pelas vias pública durante a Festa dos Passos mistifica no imaginário coletivo o Bom Jesus, imagem portuguesa em tamanho natural que expressa à magnitude do artista desconhecido que esculpiu com realismo a face de Cristo, transparecendo o semblante dolente, porém acima de tudo esta a santidade, como poeticamente asseverou José Expedito Rego: “O artista que te esculpiu/ na madeira doce/ a face amarga/ colocou o argentino resplendor/ acima da coroa de espinho, como para mostra/ que além do sofrimento/ estava à divindade. Assim, a beleza artística e estética da imagem são motivos para crer que a mesma foi feita seguindo as recomendações tridentinas, que através das exuberantes técnicas do barroquismo as esculturas traziam na face marcas de emoção, principalmente de sofrimento para que dessa forma, o sentimento fosse superior ao racional.


A imagem do Bom Jesus dos Passos da cidade de Oeiras é uma das únicas a usar roupa e a única a usar peruca, peças essas que são zeladas por devotos, responsabilidade que um dia foi da senhora Maria Oliveira, que em rústico processo fazia os cachos da madeixa da imagem. Hoje essa função cabe ao Senhor Francisco Rego que administrar diligentemente o Bom Jesus durante a Festa dos Passos. Sem dúvida, um misto de tradição, arte e religiosidade passada ao longo dos anos.


Contudo, a imagem do Bom Jesus dos Passos de Oeiras transparece através da arte sacra, inúmeros fatos históricos que foram esquecidos com o passar tempo, porém o mais importante é a preservação desta como um dos símbolos da Festa dos Passos que anos após anos pelas ruas, becos e praça da cidade velha arrasta inúmeros devotos, que por sua vez credencia a imagem um valor sobrenatural, motivo este que se percebe o quanto é essencial o uso de ícone sacro numa procissão.


junior vianna


Um comentário:

Cynthia Osório disse...

gostei da abordagem voltada para as artes envolvidas num ritual que é sobretudo fé. Fé que justifica a arte!