Na festa de Pentecostes desse ano em Oeiras, senti falta das flâmulas encarnadas, que fazem da cidade ainda mais divina, talvez a família patrocinadora prezasse mais pela simplicidade. Mas festa do Divino é pomposa de qualquer jeito, é tradição da cidade, e tradição é tradição! O vermelho ausente nas vias públicas, se fez nas vestes dos que em procissão caminharam, pouco importava grife ou corte, pois bem sei que esse povo de Oeiras gosta mesmo é de procissão, seja ela roxa, branca, vermelha ou multicor.
O solene dia foi marcado por símbolos de um catolicismo ainda luso, que nem dias ou anos foram capazes de apagar. A bandeira vermelha, alvo da hipertrofia devocional, passou sobre a cabeça de velhos, moçoilas, crianças e pessoas comuns, era ali o ato do toque, como bem faziam os populares com seus reis absolutistas na Idade Moderna, mas em Oeiras é fé, ou chama de fé, o que falta muito em algumas pessoas.
É a brejeira cidade com suas velhas formas de viver, com costumes, às vezes desmedido e desnecessário, onde a política continua sendo discutida no adro da igreja, as carolas que entre pais-nossos e ave-marias rasgam no bom popular a vida alheia ou simplesmente o próprio clero, cheio de vícios e manias.
A festa do Divino é tempo gordo, é tempo do “ciclo do couro“ vivo, das madames com seus ouros salvo do penhor, é tempo de família reunida, onde a hipocrisia reina, mas tudo é paz, a praça é paz... A festa é paz. E viva a vitória do dia divinal!
Segui pela rua a procissão paradoxal, povo e abastados, fazendo da cidade ainda mais vila, onde os processionais caminharam sem serem guiados pelo báculo do pastor-mor , mas mesmo assim foram em caminhada solene, como já disse , esse povo gosta mesmo é de procissão.
Assim foi Oeiras, abrasada pelos raios solares do trópico, pelos Dons do Divino Espírito Santo, encarnada pelo dia divinal e caminhante com seus caminheiros, porém não tem quem não se emocione, com essas velhas formas de viver.
Junior Vianna,
Oeiras, 27 de maio de 2007
O solene dia foi marcado por símbolos de um catolicismo ainda luso, que nem dias ou anos foram capazes de apagar. A bandeira vermelha, alvo da hipertrofia devocional, passou sobre a cabeça de velhos, moçoilas, crianças e pessoas comuns, era ali o ato do toque, como bem faziam os populares com seus reis absolutistas na Idade Moderna, mas em Oeiras é fé, ou chama de fé, o que falta muito em algumas pessoas.
É a brejeira cidade com suas velhas formas de viver, com costumes, às vezes desmedido e desnecessário, onde a política continua sendo discutida no adro da igreja, as carolas que entre pais-nossos e ave-marias rasgam no bom popular a vida alheia ou simplesmente o próprio clero, cheio de vícios e manias.
A festa do Divino é tempo gordo, é tempo do “ciclo do couro“ vivo, das madames com seus ouros salvo do penhor, é tempo de família reunida, onde a hipocrisia reina, mas tudo é paz, a praça é paz... A festa é paz. E viva a vitória do dia divinal!
Segui pela rua a procissão paradoxal, povo e abastados, fazendo da cidade ainda mais vila, onde os processionais caminharam sem serem guiados pelo báculo do pastor-mor , mas mesmo assim foram em caminhada solene, como já disse , esse povo gosta mesmo é de procissão.
Assim foi Oeiras, abrasada pelos raios solares do trópico, pelos Dons do Divino Espírito Santo, encarnada pelo dia divinal e caminhante com seus caminheiros, porém não tem quem não se emocione, com essas velhas formas de viver.
Junior Vianna,
Oeiras, 27 de maio de 2007
Nenhum comentário:
Postar um comentário