Mosaico da Vila

E repare o leitor como a língua portuguesa é engenhosa. Um contador de historias é justamente o contrario do historiador, não sendo um historiador, afinal de contas, mais do que um contador de histórias
Machado de Assiso leitor como a língua portuguesa é engenhosa. Um contador de historias é justamente o contrario do historiador, não sendo um historiador, afinal de contas, mais do que um contador de histórias" Machado de AssisOSAICO DA VILA
E repare o leitor como a língua portuguesa é engenhosa. Um contador de historias é justamente o contrario do historiador, não sendo um historiador, afinal de contas, mais do que um contador de histórias" Machado de AssisICO DA VILA
E repare o leitor como a língua portuguesa é engenhosa. Um contador de historias é justamente o contrario do historiador, não sendo um historiador, afinal de contas, mais do que um contador de histórias" Machado de Assisepare o leitor como a língua portuguesa é engenhosa. Um contador de historias é justamente o contrario do historiador, não sendo um historiador, afinal de contas, mais do que um contador de histórias" Machado de Assis

Sinos de Oeiras
Mas não há, no mundo dos vivos, som mais doce... Tens sinos que falam.
(José Expedito Rêgo)

Chama atenção na Oeiras colonial a sonoridade de certos repiques festivos ou badalares cotidianos, assim são os bronzes portugueses dependurados no alto da torre sinaleira do templo-mor, que chegaram a cidade na primeira metade do século XIX, onde simbolicamente é ainda hoje a mais antiga comunicação entre igreja e os seu fieis, é na tradição cristã, a voz de Deus falando com o povo.
Historicamente, esses mensageiros feitos da combinação do cobre com o estanho, tem suas origens remotas na China milenar, ao tempo que também foram encontrados no antigo Egito. Todavia, a sua utilização pela igreja católica inicio-se nos mosteiros beneditinos com o intuito de convocar os cléringos dessa ordem religiosa para os momentos de orações. Não tardou muito e os sinos já faziam presença na Sé de São Pedro, em uma torre erguida a mando do Papa Estevão II, ainda no séculoVIII, algo que em séculos seguintes já era encontrado em várias paroquias europeias.

Ligado aos cultos religiosos, os sinos, foram de muita valia à Companhia de Jesus durante o processo de catequese na Ámerica latina, pois o badalar do ousado instrumento musical inquietava os nativos, que consequentimente eram atraidos às aldeias ou as missões jesuíticas. Assim, foram peças marcantes no desencandear da colonização das terras brasileiras, pois o seu som denuciava a presença da igreja católica e da própria coroa. Dessa maneira, ali estavam os sinos, ora no alto alto das torres sinaleiras ou simploriamente sobre trempes de madeiras.

Dessa forma, durante a colonização do interior do nordeste, os sinos chegaram ao Piauí junto a fundação da Freguesia de Nossa Senhora da Vitória, talvez a mais antiga tradição sineira piauiense, pois é na torre de pedra, onde nas cavidades de cantaria que os três sinos com aproximadamente 200 anos fazem parte dahstória da cidade. Como noutros lugares, os sinos de Oeiras possuiam inúmeras funções, mas é sua função ”re sacrae”, que marca a sua historicidade. Assim, constava com 21 toques, dentres os quais alguns ganharam destaque por suas peculiaridades, como o “dobre” que é entoado durante as quartas e sextas-feiras da Quaresma e é símbolo da Festa dos Passos, recebe esse nome por dar uma volta, chegando a sai dá cavidade onde está alojado.

Na linguagem sineira universal, tem-se ainda os “defuntos ploro”, ou “choro aos mortos”, sinal funebre que denucia a morte de uma pessoas. Diga-se de passagem, que até o século passado na velha Oeiras, existiam dois tipo de sinais, um para ricos e outro para pobres, tradição findada pelo Pe. Benedito Cantuaria. Dentre os muitos toques existes, há o “Festa Decoro” , ou simplesmente ”Solenize as Festas”, tocado em dias solene. Da mesma forma, tem-se os que ainda são tocados em dias comuns como “ Louvo Deum verum”, que louva ao Deus verdadeiro, feito diariamente ao meio dia, tão quanto as seis horas da tarde momento da oração do “angelus”. Dentre os mais populares tem-se ainda o “Plebem Voco”, que convida a cristandade para as missas comuns.

Por fim, os sinos da torre sinaleira de Oeiras, por muitos anos incomodaram Dom Edilberto, que durante o seu bispado mandou rebaixar as cavidades dos mesmos para não mais encomoda-lo. Todavia, foi-se o dispo, a sede do bispado que agora retorna, porém, os velhos bronzes oitocentistas permanecem a fazer sua comunicação com os citadinos, deixando evidente que a Oeiras colonial mantém ainda viva certas tradições que a faz singular no âmbito da cultura sertaneja do povo piauiense.

Júnior vianna
oeiras, abril de 2008

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