Mosaico da Vila

E repare o leitor como a língua portuguesa é engenhosa. Um contador de historias é justamente o contrario do historiador, não sendo um historiador, afinal de contas, mais do que um contador de histórias
Machado de Assiso leitor como a língua portuguesa é engenhosa. Um contador de historias é justamente o contrario do historiador, não sendo um historiador, afinal de contas, mais do que um contador de histórias" Machado de AssisOSAICO DA VILA
E repare o leitor como a língua portuguesa é engenhosa. Um contador de historias é justamente o contrario do historiador, não sendo um historiador, afinal de contas, mais do que um contador de histórias" Machado de AssisICO DA VILA
E repare o leitor como a língua portuguesa é engenhosa. Um contador de historias é justamente o contrario do historiador, não sendo um historiador, afinal de contas, mais do que um contador de histórias" Machado de Assisepare o leitor como a língua portuguesa é engenhosa. Um contador de historias é justamente o contrario do historiador, não sendo um historiador, afinal de contas, mais do que um contador de histórias" Machado de Assis

A sexualidade oculta em Malhadinha

Uma das mais notáveis produções literária de estirpe oeirense é sem duvida, Malhadinha, obra ficcional do escritor José Expedito Rêgo. Ambientada no final do século XIX, exibe com presteza dois universos simbólicos nos quais transitavam o povo sertanejo do Piauí, digo, uma gente dividida entre o catolicismo hereditário, como também no deleitoso cosmo de atos profanos, frutos dos desejos, que não ficavam limitados ao breou das alcovas.

Malhadinha é instigante do início ao fim, não só pelo seu desenho histórico do fim do século XIX, onde perfilam importantes acontecimentos, mas também, é enérgica e viril, nas descrições de eróticos encontros entre as personagens enamoradas nas paginas do livro. As cenas de sexo aos olhos do autor são bem naturais, visto que, o mesmo não usa artifícios ou ao menos rebusca a linguagem para imprimir no leitor a imagem das cenas narradas. ”Deitaram no chão, ainda morno da tarde de sol. Hélio levantou o vestido da mulher até a cintura. Nenhuma peça por baixo. Admirou as coxas longas, cor de cobre, a vulva infantil, sem pelos, a fenda mediana escura, entre as polpas rechonchudas (...) desceu as calças até o joelho. A introdução foi fácil.” A descrição anterior do primeiro ato sexual entre Hélio e Joana, fica explicito que Expedito Rêgo não poupava detalhes, fazendo com que os olhos em leitura penetrem ainda mais na obra literária.

A escrita do autor nos evidência ainda os pudores sendo corroídos pelas traças do desejo, a exemplo dos encontros de Raquel e Nelson, outras personagens do livro.” No segundo encontro. Nelson possuiu Raquel, debaixo do juazeiro. Ele a despiu peça por peça, sob os protestos não convincentes da moça. Contemplou-a nua, o corpo branco arrepiado de medo.(...) Ela se entregou sem resistência.” Os encontros ora na beira do riacho, ora no quarto da moça, tornam testemunhos de que a muitos são os enlaces velados pela cumplicidade do silêncio.

A leitura da obra nos leva ainda perceber que ilimitadas eram as proibições impostas pela sociedade da época, mas quem em dados momentos são refutadas pelas personagens, visto que às mesmices do cotidiano, opunham-se aos latentes desejos carnais. Assim, a satisfação sexual de cada personagem deixa escancarada que o sexo, na sua mais intima realização, era se não, o mais animalesco dos atos humanos.

As verdades da sociedade da época materializam-se em Dona Sinhá, marcada pelo moralismo ético, sem dúvida fruto de sua religiosidade exacerbada, entre orações e leituras sacras, tentava impor nas outras personagens regras e preceitos, para que junto à religião pudessem gozar da vida eterna. Mesmo com esses entraves o autor, ousadamente faz confrontar o humano com o espiritual. Isso se dar na paixão proibida encabeçada por Nair e Padre Sergio, embora quase irmãos, o amor desponta em meio a valores e barreiras, as insinuações verbais de moça é sem dúvida o espírito do autor carregado de cientificidade, sua fala alicerçada numa filosofia iluminista se opõem ao primo celibatário, que carregado de desejo tentava suprimir tão sentimento.

Nair não é um nome comum, José Expedito Rêgo, intitula assim a personagem porque ela também não é comum, se o seu nome significada “a estrela brilhando do navio”, é sem dúvida ela que guia os momentos finais do livro, a moça toma as rédeas e chega impor suas verdades em certo momento ao amado. Impetuosa chega a beija o clérigo e destemida impõem-se: ”pouco me importa se que sejas padre. Para mim és o homem que eu amo. Sei que não serás meu, mas quero ter o prazer de ouvir de teus lábios as doces palavras: Nair eu te amo!”.  O amor é confirmado apenas em palavras, visto que os desejos mais ardentes foram ali pontuados.

Muitos são os encontros e desencontros quem compõe Malhadinha levar-se-ia muito tempo pra esmiuçar cada um desses casos, cabe aqui apenas exortar a escrita de José Expedito mais uma vez, onde ele é sem duvida, varias personagens desse livro, ora implícito, ora em ações, vive em pensamentos ou simplesmente vagueia entre as personagens do livro apontando a direção de cada uma. 

Junior Vianna

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