Mosaico da Vila

E repare o leitor como a língua portuguesa é engenhosa. Um contador de historias é justamente o contrario do historiador, não sendo um historiador, afinal de contas, mais do que um contador de histórias
Machado de Assiso leitor como a língua portuguesa é engenhosa. Um contador de historias é justamente o contrario do historiador, não sendo um historiador, afinal de contas, mais do que um contador de histórias" Machado de AssisOSAICO DA VILA
E repare o leitor como a língua portuguesa é engenhosa. Um contador de historias é justamente o contrario do historiador, não sendo um historiador, afinal de contas, mais do que um contador de histórias" Machado de AssisICO DA VILA
E repare o leitor como a língua portuguesa é engenhosa. Um contador de historias é justamente o contrario do historiador, não sendo um historiador, afinal de contas, mais do que um contador de histórias" Machado de Assisepare o leitor como a língua portuguesa é engenhosa. Um contador de historias é justamente o contrario do historiador, não sendo um historiador, afinal de contas, mais do que um contador de histórias" Machado de Assis

A outra face de Burane


(BURANE, "Descimento da Cruz". 1952)



Ao ler algumas revistas do I.H.O, tive prazer de deleitar-me com a biografia de Benedito Amônico de Freitas, mais conhecido como Burane (1886-1957), o texto por sua vez foi escrito em 1980 por Ferrer Feitas e publicado na revista de nº 03, fiquei tão instigado que terminei em escrever uma crônica intitulada de “A casca doce do Burane”. Agora o que me chama mais uma vez atenção na sua imortal veia artística, é a pintura, em especial a obra “Descimento da Cruz” que outrora foi capa da revista de nº 08 em 1986, por circunstâncias do seu centenário.


A pintura é sem dúvida adimirável para um artista autodidata, onde o realismo emocional das personagens denuncia traços do estilo barroco, através da iluminação teatral, do céu escuro e o cristo banhado por uma luz. Embora essas características do barroquismo, o que fica explícito são as marcas do próprio autor, em dar cor as vertes dos que ali estão representados ou elementos bastante notáveis, como o traçado oriental dos olhos. Uma pintura que sem dúvida condensa arte e religião, já que a mesma retrata uma das passagens bíblicas mais conhecidas.


O óleo “Descimento da cruz”, me fez lembrar a atávica família Freitas, que desde os idos do século XIX tem intrínseca participação nas festividades da Semana Santa de Oeiras, quando membros desse clã tiram do madeiro a imagem do Cristo, tradição esta, que um dia foi vivida pelo próprio Burane. São assim, vestígios do lendário padre Freitas que outrora comcubinou com uma paroquiana, deixando uma prole ilegítima, todavia como se quisesse esquivar do pecado, legou-os a participação nos afazeres das festas religiosas da cidade, dentre elas as do “Descimento da cruz”.


Diante disso, após fazer uma analise minuciosa da obra, tive tamanha surpresa, o óleo buraniano não é de fato uma “extraordinária criação”, como assim denominou Dagoberto de Carvalho Junior, mas sim, uma extraordinária releitura, visto que a obra original é de autoria de Peter Paul Rubens, intitulada de “Descida da Cruz”, encomendada pela Associação dos Arquebusiers, entre 1611-1614, para o altar de Nossa Senhora, em Antuérpeia na Bélgica. Sem dúvida a pintura é considerada uma obra-prima do barroco flamengo, onde o pintor inglês Sir Joshua Reynolds classificou como sendo a obra: ”Uma das melhores imagens já criadas”. Todavia, Burane deu a sua contribuição bem a brasileira, ao dar cores vibrantes, aumentando ainda mais o contraste tão presente na arte barroca.

(RUBENS, Peter Paul."A Descida da Cruz". 1611-1614)


Contudo, essa obra buraniana é bastante desconhecida, tão quanto uma pintura do Bom Jesus que fica em uma das capela da Festa dos Passos. Mas quando se leva em consideração o óleo “Descimento da Cruz”, notam-se tão quanto na célebre “Descida da Cruz” de Rubens, uma leveza de movimentos, que no dizer da critica Catharina Mafra: “a cabeça, pendida para um lado, o corpo caído, tudo evoca o peso da morte”. Assim apreciar essas obras é perceber acima de tudo as sensibilidades artísticas que atravessam gerações, evidenciando o grande teor de subjetividade.


junior vianna

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