Coisas sem fim
Ainda abduzido pela atmosfera sacra que envolveu Oeiras, não posso deixar de explicitar o que de mais profundo mais uma vez vivenciei, ou melhor o que senti de forma intensa nas caminhadas litúrgicas, pois ou povinho pra gostar de procissão, assim deixou pelas ruas as promessas, os ex-votos e seus desejos. Uma cristandade que consumiu a cidade, ao tempo que a própria cidade reviveu vibrante as suas tradições, mesmo que muitas delas agonizem e desfalecem diante ao modismo e ao descaso
.
Assim foi Oeiras na sua Semana Santa, diante a confluência do velho com o novo, ou simplesmente do velho que se renova como foi o caso do Café Oeiras, bar popularmente elitista. Elitista? Não. São as velhas máximas do cotidiano oeirense. Mas a bem da verdade, um Café cheio... Cheio de crianças precoces e adolescentes infantis, com seus carros multisons e multibesterois, eram na sua maioria filhos da “geração ninho”, que se recusam crescer mentalmente, mas mesmo assim fica o dito pelo não dito, foram para a Semana Santa em Oeiras, ou melhor, para a semana “Cana“ em Oeiras.
Mesmo com tantos desencontros, as ruas de Oeiras serviram de tablado pra o espetáculo do Fogaréu. Na Velha Urbe na exista como noutros lugares soldados romanos e nem o toque lamuriante do clarim, existe na verdade a disposição de caminhar muito, são coisas de homem, tempo de penitar e abolir os pecados, ou parte deles, enquanto moiçolas escolhem a dedo os seus pretendentes. Assim, caíram os veis e rasgaram-se as sedas dos antigos preceitos e costumes seculares. No findar da procissão do Fogaréu, o mais eloqüente dos sermões de toda a Semana Santa, um orador agudo, novo e filho do seu próprio tempo, usou uma linguagem jovial, concomitantemente, exclamou e apontou o verdadeiro sentido dessa manifestação, apontou ainda que sociedade trai Jesus Cristo nas mais variadas formas, porém pecou em não apontar que a própria igreja trai Jesus Cristo com seus vícios. Mas é assim mesmo, “faço o que digo não faça o que eu faço...”
Nesse período, Oeiras foi mais do mesmo, famílias reunidas, amigos, reencontros, almoços fartos no dia de jejum, quibebo( quibebe), frigideira, fuxicos e muitas orações. Desta feita, os oeirenses no mais profundo de sua oeirensidade são bons anfitriões, mostram a cidade, escondem os defeitos e acima de tudo, em coletividade, são superiores a qualquer indiferença, pois nas cerimônia sacras não existem pretos ou brancos, ricos ou pobres ou tupamaros e bocas pretas, são simplesmente oeirenses, caminhando na Izidrio, na do Fogo, por becos e ruelas de solidão sem fim.
Contudo são coisas de Oeiras, como gosto de dizer, são velhas e renovadas formas de viver, que tanto massageia o meu ego e assim posso deleitar-me com tantos causos pitorescos dessa Urbe. Todavia o que foi roxo em breve encarnado ficará, deixando a cidade ainda mais divina, mas a bem da verdade a Semana Sana não tem fim, ela se renova cada vez que um oeirense a cita, mesmo que seja em palavras. Palavras... Muitas coisas para contar.
Um comentário:
E pra quem não conhece a cidade de Oeiras o junior realmente conseguiu essa proeza de passar o tanto que essa cidade tem sua originalidade durante a semana santa...Não importa onde você está, se não está la,ou estar aqui, quem ja presenciou a semana santa de Oeiras a glória não é passageira, o simbolismo de lá é perpétuo,so la que faz agente refletir sobre a tristeza!.A magia da semana santa de oeiras fascina tanto, mas tanto, que ficar parado, olhando para todo o ritual é comum , pois é bastante profundo.
Postar um comentário