Mosaico da Vila

E repare o leitor como a língua portuguesa é engenhosa. Um contador de historias é justamente o contrario do historiador, não sendo um historiador, afinal de contas, mais do que um contador de histórias
Machado de Assiso leitor como a língua portuguesa é engenhosa. Um contador de historias é justamente o contrario do historiador, não sendo um historiador, afinal de contas, mais do que um contador de histórias" Machado de AssisOSAICO DA VILA
E repare o leitor como a língua portuguesa é engenhosa. Um contador de historias é justamente o contrario do historiador, não sendo um historiador, afinal de contas, mais do que um contador de histórias" Machado de AssisICO DA VILA
E repare o leitor como a língua portuguesa é engenhosa. Um contador de historias é justamente o contrario do historiador, não sendo um historiador, afinal de contas, mais do que um contador de histórias" Machado de Assisepare o leitor como a língua portuguesa é engenhosa. Um contador de historias é justamente o contrario do historiador, não sendo um historiador, afinal de contas, mais do que um contador de histórias" Machado de Assis
Custódia de Oeiras


Um Roubo Duplamente Secular

Era 12 de maio de 1809, de fato duzentos anos atrás, na cidade de Oeiras então capital do Piauí, ocorreu um dos mais ousados furtos da história da velha cidade, pois o astuto larápio tomou ao seu poder a Custódia da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Vitória, como bem consta no Almanaque de Parnaíba de 1937, era uma “peça de fino e de delicado valor”, podendo acrescentar ainda, uma peça de valor incalculável, quando por ventura o seu apreço sentimental é bem mais superior.


Segundo os poucos escritos e a valorosa história oral, credenciam que a Custódia é oriunda do século XVIII, oferecida por um fiel, talvez abastado fazendeiro de gado, a opulenta Confraria do Santíssimo Sacramento, no dizer do então governado Carlos Cezar Bulamaque:”a peça mais rica que havia nesta cidade.” De fato era, pois tal objeto sacro pesa 7.200 gramas de ouro fino e incustrada de pedras preciosas. Para a cristandade uma obra alvo de adoração, onde beijos piedosos selavam juras sacramentais firmadas junto a Santa Igreja Católica Apostólica Romana, que por sua vez tanto tem um bom gosto pelas obras de arte.


Assim, maldita as mãos impostoras que sorrateiramente levaram a dourada peça da Igreja Matriz do Brejo da Mocha, deixando uma cristandade alvoroçada e lamuriante com tamanho delito e porque não dizer, sacrilégio? Seria sim, um sacrilégio, roubar um objeto de fino e delicado valor, pois sua magnífica preciosidade era elemento preponderante para massagear o ego dos que morava na então capital, afinal seu valor e sua beleza contrapunha-se a do lugar. Todavia, bendito seja o destino, ou diante a excessiva religiosidade, seria melhor dizer, castigo, pois para agrado de todos o furto teve vida curta, graças a um desarranjo intestinal do meliante, que por sua vez foi encontrado em estado deplorável pelo coronel Raimundo de Souza Martins, membro de pomposo clã, nas proximidades da Fazenda Canavieira nas cercanias de Oeiras.


O caboclo, mesmo em estado calamitoso, tentou a todo custo resguardar tal peça em seu surrão, mas tamanha infecção intestinal incumbiu-se de silenciá-lo, era ali apenas um moribundo que veio a morrer, que por sua vez ganhou vida no drama sacro “O roubo da Custódia” do escritor José Expedito Rêgo. Claro, tinha que ser ele! Com sua genialidade de dar vida às palavras e brincar com a nossa imaginação, assim em seu escrito mesclou história e literatura, nos revelando um causo popular, que por muito ainda é desconhecido.


O desfecho desse caso duplamente secular tem seus vestígios na Casa Anísio Brito, em documento que outrora foi transcrito pelo Cônego Antônio Cardoso, onde transparece que nas horas findas o ladrão revelou o nome do mentor do crime, o pernambucano Thomaz Vilarinho. Evidencia ainda nesse escrito, que o governador da época Carlos Bulamaque, recorreu aos seus superiores como intuito de manter custodiado o idealizador do crime na capital piauiense, para que aos olhos dos oeirenses pudessem ter a certeza do cumprimento da Lei dos Homens, já que para eles a Lei de Deus era de faro inevitável, pois prova maior já tinha sido mostrada.


Contudo, o roubo da Custódia de Oeiras é elemento preponderante pra que a história da Velha Cidade seja cada vez mais rica, onde os causos e as lendas se confluem no imaginário popular, sendo passado a cada geração, ora como anedotas, ora como histórias espetaculares que mechem com a imaginação dessa gente.

Um comentário:

Anônimo disse...

Nossa que bela omenagem a Oeiras. Descobri hoje mas ainda não tive tempo de ler nada. Parabés quem teve essa idéia. Bj.