Mosaico da Vila

E repare o leitor como a língua portuguesa é engenhosa. Um contador de historias é justamente o contrario do historiador, não sendo um historiador, afinal de contas, mais do que um contador de histórias
Machado de Assiso leitor como a língua portuguesa é engenhosa. Um contador de historias é justamente o contrario do historiador, não sendo um historiador, afinal de contas, mais do que um contador de histórias" Machado de AssisOSAICO DA VILA
E repare o leitor como a língua portuguesa é engenhosa. Um contador de historias é justamente o contrario do historiador, não sendo um historiador, afinal de contas, mais do que um contador de histórias" Machado de AssisICO DA VILA
E repare o leitor como a língua portuguesa é engenhosa. Um contador de historias é justamente o contrario do historiador, não sendo um historiador, afinal de contas, mais do que um contador de histórias" Machado de Assisepare o leitor como a língua portuguesa é engenhosa. Um contador de historias é justamente o contrario do historiador, não sendo um historiador, afinal de contas, mais do que um contador de histórias" Machado de Assis

O Beco

Q que é tristeza?
Q que é saudade?
Me responde com justiça
E não com lágrimas.

(Lobão/Toda Nossa Vontade)


Uma das propostas culturais mais interessantes do final do século XX na cidade de Oeiras ocorreu há 20 anos, com lançamento de um jornaleco com o sugestivo nome de O Beco, idealizado pelo cronista Rogério Newton. Há bem da verdade, um jornaleco audacioso, cheio de ironias e desabafos, um verdadeiro pasquim oeirense. Pode ser considerado um dos mais relevantes informativos que já circulara na terrinha, onde o bom humor e a irreverência eram o que mais chamavam atenção do leitor. Segue a baixo um dos mais interessantes escritos desse informativo datado de 1989 de autoria do idealizador.

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Fábula atual

Era uma vez uma cidadezinha perdida no mapa cujos habitantes eram todos cegos. Em sucessivas eleições, a mesma família se manteve no poder, exercendo-o com mediocridade exemplar. Um belo (mas nem tanto) dia apareceu um homem com um olho cego e outro bom, tirou os mais cegos que ele do poder, o homem fez algumas obras a todos os cegos acharam aquilo o máximo. Rapidinho, sua fama de bom administrador cresceu (não esquecer que todos eram cegos) e ele foi convidado para ser conselheiro de um rei balofo, na capital da província. Ele foi (quem não iria?), deixou dois rapazes (cegos) tomando de conta dos negócios, mas com um único olho continuou controlando tudo na cidadezinha, onde só ia fazer ajustes ou puxar as orelhas de alguém. Moral da história: em terra de cego quem tem um olho controla o poder.

(Rogério Newton)


Por força do destino ou por mera coincidência, o texto em sua essência é por demais contemporâneo, denotando o quanto a matreira política da cidade segue uma dinâmica cíclica e ardilosa o que sem dúvida é um dos principais entraves para o desenvolvimento não só econômico, mas também intelectual, uma vez que a maior parte da população devota uma paixão ardente pelas arcaicas facções políticas que por sua vez sobrevivem desse clientelismo eleitoral. Fato corriqueiro e comum no nordeste e sem anacronismo, algo não muito estranha o povo piauiense, uma sociedade que nasceu pautada em currais de gado.


A produção textual sobre política em Oeiras é por demais perigosa, redigir qualquer que for um texto sobre tal temática pode colocar quem escreve numa situação constrangedora, pois apontar erros ou acertos de tais políticos denota a partir da interpretação do leitor a que facção a pessoa pertence. Assim, atrofiados ideologicamente vivem até mesmo aqueles que pregam aos quatro ventos a sua intelectualidade, porém, ficando nítido que não passam de leitores rasos e quase sempre recorrem às velhas orelhas dos livros. Tão quanto esses políticos são esses homens e mulheres que se tornam matrizes culturais, acreditando serem detentores da história e da memória da cidade e passam a cultuar velhos heróis sórdidos que há muitosjá tombaram.


Dessa ligação com a política existem aqueles apegados a sobrenomes como se estes fossem o único motivo norteador de competência e grau de importância, algo refutável, pois muito já provaram ao contrário, a bem da verdade, “Quando Deus Quer é Assim”. Essa era a proposta desse jornaleco que teve vida breve, porém expôr sem rodeios o que afligia a sociedade oeirense da época e no mais, desfez o errôneo equivoco que cultura é só divertimento, mas sim, algo bem mais abrangente, pois ela é feita pelo povo cotidianamente e todos independente de quaisquer coisa é facultado a apreciá-la.


O jornaleco “O Beco” como tantos outros é só lembrança!


Junior vianna

2 comentários:

Cynthia Osório disse...

A sempre lamentável cegueira!

Andarilho disse...

O pior cego é aquele que não quer ver...