Mosaico da Vila

E repare o leitor como a língua portuguesa é engenhosa. Um contador de historias é justamente o contrario do historiador, não sendo um historiador, afinal de contas, mais do que um contador de histórias
Machado de Assiso leitor como a língua portuguesa é engenhosa. Um contador de historias é justamente o contrario do historiador, não sendo um historiador, afinal de contas, mais do que um contador de histórias" Machado de AssisOSAICO DA VILA
E repare o leitor como a língua portuguesa é engenhosa. Um contador de historias é justamente o contrario do historiador, não sendo um historiador, afinal de contas, mais do que um contador de histórias" Machado de AssisICO DA VILA
E repare o leitor como a língua portuguesa é engenhosa. Um contador de historias é justamente o contrario do historiador, não sendo um historiador, afinal de contas, mais do que um contador de histórias" Machado de Assisepare o leitor como a língua portuguesa é engenhosa. Um contador de historias é justamente o contrario do historiador, não sendo um historiador, afinal de contas, mais do que um contador de histórias" Machado de Assis

Rua da Usina Velha


Na Rua da Usina velha jaziam as casas cada vez mais pálidas com o sol, do alto destas, os beirais testemunhavam silenciosos os andantes em destinos avulsos, tão quanto o olhar negro de Esmeralda, que sentada na soleira da janela assistia o dia passar sem nenhuma preocupação.


Mesmo sendo uma mulher da noite, não impedia que acordasse cedo e repetisse cotidianamente o seu insignificante modo de viver, pois ante mesmo de assear-se, retocava a maquiagem e passavam sobre os seus lábios carnudos um batom encarnado que de longe chamava atenção. Passava o seu pseudo-perfume francês comprado na quitanda de seu Godofredo que de tão forte concorria com seu cheiro natural.


Dependurada na janela com as pernas cruzadas degustava elegantemente a sua refeição matutina, cuscuz com leite, quem não a conhecia parecia ate ser o que de verdade não era. Ali, estava Esmeralda Rubi, a mais fogosa das raparigas da cidade, a preciosidade que sabia fazer os homens gemerem sem sentir dor. O preço para uma noite com ela variava conforme a estirpe do freguês.


Após ter tomado o café, vergou-se ao retocar o esmalte dos dedos do pé e das mãos. Com uma blusa curta, fazia com que metade dos seios ficasse a mostra, despertando assim, o interesse dos transeuntes masculinos. De poucos estudos, ariscava de vez enquanto uma leitura para passar o tempo, o que lia realmente era o horóscopo de dias passados que viam no jornal que enrolavam as barras de sabão que comprava na quitanda.


Ao longe percebeu um vendedor de rede que logo se aproximou dela.

__ Quer comprar uma rede dona? – inquiriu o rapaz.

__ Quanto custa?

__ Diz seu preço minha dona que ai eu boto o meu!- retrucou o vendedor.

__Você bota mesmo?!... Mas essas redes são boas mesmo?- Indagava Esmeralda de maneira bem maliciosa.

__ Rum! Como são... Vem lá do Ceará!

__ Da pra dormir de costela seu moço?

__ Como assim?

__ De dois, seu moço... Bem coladinho e com o caba cheirando no cangote da gente.

__ Ai só com o marido da Senhora pra saber!

__ Primeiro, senhora é a mãe de Deus e segundo... Eu não tenho marido!

__Desculpa! Ai fica difícil!

__ E tu num quer testar comigo não?


O rapaz fez cara de espanto, parecia envergonhado ou simplesmente surpreso com o convite. Olhou para os lados e pediu apenas um copo de água. Repentinamente, Esmeralda saiu puxando o vendedor para dentro de casa, o coitado tomado pela emoção hormonal deixava-se ser conduzido por aquela mulher.


Experiente, tratou-a logo de fechar a janela e a porta e do lado da maquina de costurar o rapaz indagou:

__ E a água?

__ Que água? Tira logo essa tua roupa e arma logo essa rede!


Obedecendo-a, despiu-se e já excitado entrou na rede a espera de Esmeralda, que completamente nua adentrou a rede.

__ Ai, ai... Ai, ai...

__ O que foi? To que machucando?

__ É não seu besta! É prazer!

__ E precisa essa gritaria toda?

__ Deixa de prosa homem, continue se não eu...


Os dois em movimentos frenéticos se enroscavam dentro da rede, que balançava de punho a punho.

__ Eita Mulher quente!... Tu não cansas não?!

__Vamos! Cala essa boca homem!


Aos Poucos a rede voltava a balançar calmamente, de dentro saiu o rapaz encharcado de suor, vestiu a roupa e saiu quase sem se despedir de Esmeralda.

__ Já vai painho?

__ Hum Rum!

__ Vá com Deus!


O vendedor bateu a porta e ganhou a rua, onde ainda tentava se arrumar, foi quando percebeu que tinha esquecido a cueca dentro da rede e por sinal, a própria rede. Mesmo assim, seguiu adiante, pois não tinha mais pretensão de voltar aquela casa. Esmeralda levantou-se apenas para abrir a janela, deito-se novamente na rede onde caiu no sono.


Junior Vianna


Um comentário:

Cynthia Osório disse...

kkkkkkkkkkkkkkkk
rindo alto!
Esmeralda Rubi é fogo! adorei esse nome!