Lameck Valentim em palavras
Outras entrevistas foram feitas aqui no blog, tonalizadas nas mais variadas formas de arte, desde a música, valsando pela poesia e agora com o teatro na pessoa de Lameck Valentim, oeirense de quatro costados, é ator, dramaturgo, jornalista e fundador do IPA, atualmente é responsável pela companhia teatral “Os Apresentados”. No seu Orkut postou uma frase de Caio Fernando de Abreu que diz: "Não consigo mais aceitar relações pela metade. Em outras palavras: raspas e restos não me interessam.” Nesse sentido diante as respostas desse entusiasta da cultura oeirense façamos uma viagem pelas suas palavras... Evoé Baco...
Mosaico da Vila: O Brasil vive um importante momento histórico com a possibilidade do casamento gay, sendo assim qual o seu posicionamento diante a essa realidade?
Lameck Valentim: O Brasil enfim, começou a romper a barreira do preconceito. Isso é um salto para dias melhores. Era um grande desajuste em relação a nossa Constituição a não garantia desses direitos à comunidade LGBT. É preciso cada vez mais reconhecer que o estado é Laico e que a garantia desses direitos, nada tem a ver com igreja nem com religião.
Mosaico da Vila: O teatro é uma manifestação artística bastante marginalizada quando se coloca em pauta a orientação sexualidade dos atores. No seu ponto de visto isso é uma verdade ou apenas uma visão estereótipo já superada pela nova geração?
Lameck Valentim: Essa visão é totalmente estereotipada e ultrapassada. O teatro é a manifestação da emoção humana, e isso independe de sexo, de orientação sexual. Vivi uma fase de grande preconceito em relação a isso, mas com muito trabalho hoje temos um pessoal que não se prende a estas questões, e isso contribuiu para que o público percebesse isso.
Mosaico da Vila: Oeiras é tida como referência cultural pra muitos artistas, nessa perspectiva, você enquanto teatrólogo e ator qual o seu diagnostico do atual panorama cultural da cidade?
Lameck Valentim: Tenho a felicidade de ter contribuído para colocar o teatro oeirense no cenário cultural piauiense e nordestino, com peças de qualidade e participação em festivais em vários estados, sempre conquistando vários troféus. Todo meu trabalho sempre teve Oeiras como referência, como inspiração. A cidade respira cultura em todos os cantos, em todos os becos, nos olhares, nos papos regados a um bom Chopp ou vinho. Todavia, ultimamente, vejo que as cortinas estão se fechando, ou estão mesmo fechadas.
Vivemos uma inércia cultural. Muito poderia ser feito, mas talvez por falta de recursos, de verbas estamos num quase ocaso. Vejo que falta inciativa. Hoje quem tem feito cultura em Oeiras são os grupos teatrais, o grupo de hip hop e algumas escolas. Cadê Os Congos de Oeiras? Cadê os Reisados? Onde estão nossos músicos? Até mesmo aqueles que sempre se proclamaram como os grandes feitores da cultura de Oeiras estão de braços cruzados.
Vivemos uma inércia cultural. Muito poderia ser feito, mas talvez por falta de recursos, de verbas estamos num quase ocaso. Vejo que falta inciativa. Hoje quem tem feito cultura em Oeiras são os grupos teatrais, o grupo de hip hop e algumas escolas. Cadê Os Congos de Oeiras? Cadê os Reisados? Onde estão nossos músicos? Até mesmo aqueles que sempre se proclamaram como os grandes feitores da cultura de Oeiras estão de braços cruzados.
Mosaico da Vila: “Capital da Fé” é o mais sugestivo dos termos para identificar Oeiras, assim diante a realidade vivida pela sociedade atual, seria coerente fazer uso desse termo?
Lameck Valentim: Nunca gostei deste epíteto. Sempre achei que devíamos exaltar Oeiras no que se refere à sua importância histórica. Sempre achei Capital da Fé, muito pouco pra Oeiras, até mesmo por que é um título que é usado por várias cidades, inclusive no Piauí. Fora isso, o que acontece aqui não credencia Oeiras a usar esse título: suicídio, prostituição masculina e feminina, consumo exagerado de drogas, corrupção política e tantas coisas, que não consigo ver Oeiras como a Capital da Fé. A Semana Santa de Oeiras no que se transformou? Num grande encontro para se beber em excesso, para festas, orgias e consumo de drogas em praça pública. Então, não entendo como pode ser a Capital da Fé. Definitivamente, não gosto.
Mosaico da Vila: Se a politica de Oeiras fosse um dragão de duas cabeças, qual a solução para enfrentar esse monstro secular?
Lameck Valentim: Educação, consciência, independência e coragem para mudar. É preciso perder o medo de se libertar do dragão ou da serpente. Já fui mais ligado a grupos políticos, mas hoje tenho procurado me libertar disso a cada dia. A política de Oeiras é nefasta, políticos mesquinhos, voltados para seus próprios interesses, que olham somente para seus umbigos que para as reais necessidades do povo. A maioria não sente os roncares dos estômagos vazios que proliferam na nossa cidade. Tô meio decepcionado com nossos políticos. Não vejo nada de real para mudar a realidade em que vivemos. Acho que na próxima eleição vou propor fazermos uma fogueira com os títulos em praça pública... (risos)
Lameck em dez palavras
Mosaico da Vila: Amor... Lameck Valentim: É fogo se arde sem ver, é ferida que dói e não se sente.
Mosaico da Vila: Família...
Lameck Valentim: Minha base, meu esteio. Meu porto seguro, onde posso sempre ancorar.
Mosaico da Vila: Sexo...
Lameck Valentim: É vital. Necessário para estar bem comigo e com os outros.
Mosaico da Vila: Religião...
Lameck Valentim: A religião dá ao homem a compreensão do significado de sua existência e de seu destino.
Mosaico da Vila: Teatro...
Lameck Valentim: Meu fôlego. Mata minha fome, minha sede. Minha vida. No teatro descobri que existem duas realidades, mas a do palco é muito mais linda.
Mosaico da Vila: Amigos...
Lameck Valentim: São anjos que me ajudam a voar... Só consigo estar bem quando estou perto deles.
Mosaico da Vila: Paixão...
Lameck Valentim: Uma viagem. Aquilo que provamos quando estamos apaixonados deveria ser o nosso estado normal.
Mosaico da Vila: Politica...
Lameck Valentim: A arte de captar em proveito próprio a paixão e os sonhos dos outros.
Mosaico da Vila: Aventuras...
Lameck Valentim: Dá alegria e uma boa dose de adrenalina. Muda nossos dias brancos.
Lameck Valentim: Dá alegria e uma boa dose de adrenalina. Muda nossos dias brancos.
Mosaico da Vila: Espelho...
Lameck Valentim: Meu crítico, meu sensor, mas meu amigo. Sorrio pra ele e ele sorri pra mim.
2 comentários:
Meu amigo Lameck, como sempre corajoso,seguro em suas colocações.
Somente uma observação, ao invés da ideia de colocar fogo nos títulos, trabalhe a conscientização na hora do voto,rs.
Júnior, eu não conhecia seu blog.Parabéns!!!
Estarei sempre passando por aqui.
Abraços!!
Parabéns Lameck! Grande artista. Entrevista sincera e madura. Gostei de ler... Um abraço.
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